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Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Logo todo o restante se partiu De Lusitânia, postos em fugida; O Miralmomini só não fugiu, Porque, antes de fugir, lhe foge a vida. A quem lhe esta vitória permitiu Dão louvores e graças sem medida: Que em casos tão estranhos claramente Mais peleja o favor de Deus que a gente.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"De tamanhas vitórias triunfava O velho Afonso, Príncipe subido, Quando, quem tudo enfim vencendo andava, Da larga e muita idade foi vencido. A pálida doença lhe tocava Com fria mão o corpo enfraquecido; E pagaram seus anos deste jeito A triste Libitina seu direito.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Os altos promontórios o choraram, E dos rios as águas saudosas Os semeados campos alagaram Com lágrimas correndo piedosas. Mas tanto pelo mundo se alargaram Com faina suas obras valerosas, Que sempre no seu Reino chamarão "Afonso, Afonso" os ecos, mas em vão.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Sancho, forte mancebo, que ficara Imitando seu pai na valentia, E que em sua vida já se exprimentara, Quando o Bétis de sangue se tingia, E o bárbaro poder desbaratara Do Ismaelita Rei de Andaluzia; E mais quando os que Beja em vão cercaram, Os golpes de seu braço em si provaram;
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Depois que foi por Rei alevantado, Havendo poucos anos que reinava, A cidade de Silves tem cercado, Cujos campos o bárbaro lavrava. Foi das valentes gentes ajudado Da Germânica armada que passava, De armas fortes e gente apercebida, A recobrar Judeia já perdida.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Passavam a ajudar na santa empresa O roxo Federico, que moveu O poderoso exército em defesa Da cidade onde Cristo padeceu, Quando Guido, coa gente em sede acesa, Ao grande Saladino se rendeu, No lugar onde aos Mouros sobejavam As águas que os de Guido desejavam.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mas a formosa armada, que viera Por contraste de vento àquela parte, Sancho quis ajudar na guerra fera, Já que em serviço vai do santo Marte. Assim como a seu pai acontecera Quando tomou Lisboa, da mesma arte Do Germano ajudado Silves toma, E o bravo morador destrue e doma.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"E se tantos troféus do Mahometa Alevantando vai, também do forte Lionês não consente estar quieta A terra, usada aos casos de Mavorte, Até que na cerviz seu jugo meta Da soberba Tui, que a mesma sorte Viu ter a muitas vilas suas vizinhas, Que, por armas, tu, Sancho, humildes tinhas.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mas entre tantas palmas salteado Da temerosa morte, fica herdeiro Um filho seu, de todos estimado, Que foi segundo Afonso, e Rei terceiro. No tempo deste, aos Mouros foi tomado Alcácere-do-Sal por derradeiro; Porque dantes os Mouros o tomaram, Mas agora estruídos o pagaram.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Morto depois Afonso, lhe sucede Sancho segundo, manso e descuidado, Que tanto em seus descuidos se desmede, Que de outrem, quem mandava, era mandado. De governar o Reino, que outro pede, Por causa dos privados foi privado, Porque, como por eles se regia, Em todos os seus vícios consentia.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Não era Sancho, não, tão desonesto Como Nero, que um moço recebia Por mulher, e depois horrendo incesto Com a mãe Agripina cometia; Nem tão cruel às gentes e molesto, Que a cidade queimasse onde vivia, Nem tão mau como foi Heliogabalo, Nem como o mole Rei Sardanapalo.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Nem era o povo seu tiranizado, Como Sicília foi de seus tiranos; Nem tinha como Fálaris achado Gênero de tormentos inumanos; Mas o Reino, de altivo e costumado A senhores em tudo soberanos, A Rei não obedece, nem consente, Que não for mais que todos excelente.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Por esta causa o Reino governou O Conde Bolonhês, depois alçado Por Rei, quando da vida se apartou Seu irmão Sancho, sempre ao ócio dado. Este, que Afonso o bravo, se chamou, Depois de ter o Reino segurado, Em dilatá-lo cuida, que em terreno Não cabe o altivo peito, tão pequeno.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Da terra dos Algarves, que lhe fora Em casamento dada, grande parte Recupera co'o braço, e deita fora O Mouro, mal querido já de Marte. Este de todo fez livre e senhora Lusitânia, com força e bélica arte; E acabou de oprimir a nação forte, Na terra que aos de Luso coube em sorte.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Eis depois vem Dinis, que bem parece Do bravo Afonso estirpe nobre e dina, Com quem a fama grande se escurece Da liberalidade Alexandrina. Com este o Reino próspero florece (Alcançada já a paz áurea divina) Em constituições, leis e costumes, Na terra já tranquila claros lumes.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Fez primeiro em Coimbra exercitar-se O valeroso ofício de Minerva; E de Helicona as Musas fez passar-se A pisar do Monde-o a fértil erva. Quanto pode de Atenas desejar-se, Tudo o soberbo Apolo aqui reserva. Aqui as capelas dá tecidas de ouro, Do bácaro e do sempre verde louro.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Nobres vilas de novo edificou Fortalezas, castelos mui seguros, E quase o Reino todo reformou Com edifícios grandes, e altos muros. Mas depois que a dura Átropos cortou O fio de seus dias já maduros, Ficou-lhe o filho pouco obediente, Quarto Afonso, mas forte e excelente.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Este sempre as soberbas Castelhanas Co'o peito desprezou firme e sereno, Porque não é das forças Lusitanas, Temer poder maior, por mais pequeno. Mas porém, quando as gentes Mauritanas, A possuir o Hespérico terreno Entraram pelas terras de Castela, Foi o soberbo Afonso a socorrê-la.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Nunca com Semirâmis gente tanta Veio os campos idáspicos enchendo, Nem Atila, que Itália toda espanta, Chamando-se de Deus açoute horrendo, Gótica gente trouxe tanta, quanta Do Sarraceno bárbaro estupendo, Co'o poder excessivo de Granada, Foi nos campos Tartésios ajuntada.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"E vendo o Rei sublime Castelhano A força inexpugnábil, grande e forte, Temendo mais o fim do povo hispano, Já perdido uma vez, que a própria morte, Pedindo ajuda ao forte Lusitano, Lhe mandava a caríssima consorte, Mulher de quem a manda, e filha amada Daquele a cujo Reino foi mandada.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Entrava a formosíssima Maria Pelos paternais paços sublimados, Lindo o gesto, mas fora de alegria, E seus olhos em lágrimas banhados; Os cabelos angélicos trazia Pelos ebúrneos ombros espalhados: Diante do pai ledo, que a agasalha, Estas palavras tais, chorando, espalha:
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Quantos povos a terra produziu De África toda, gente fera e estranha, O grão Rei de Marrocos conduziu Para vir possuir a nobre Espanha: Poder tamanho junto não se viu, Depois que o salso mar a terra banha. Trazem ferocidade, e furor tanto, Que a vivos medo, e a mortos faz espanto.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Aquele que me deste por marido, Por defender sua terra amedrontada, Co'o pequeno poder, oferecido Ao duro golpe está da Maura espada; E se não for contigo socorrido, Ver-me-ás dele e do Reino ser privada, Viúva e triste, e posta em vida escura, Sem marido, sem Reino, e sem ventura.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Portanto, ó Rei, de quem com puro medo O corrente Muluca se congela, Rompe toda a tardança, acude cedo A miseranda gente de Castela. Se esse gesto, que mostras claro e ledo, De pai o verdadeiro amor assela, Acude e corre, pai, que se não corres, Pode ser que não aches quem socorres."--
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Não de outra sorte a tímida Maria Falando está, que a triste Vénus, quando A Júpiter, seu pai, favor pedia Para Eneias, seu filho, navegando; Que a tanta piedade o comovia Que, caído das mãos o raio infando, Tudo o clemente Padre lhe concede, Pesando-lhe do pouco que lhe pede.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mas já co'os esquadrões da gente armada Os Eborenses campos vão coalhados: Lustra co'o Sol o arnês, a lança, a espada; Vão rinchando os cavalos jaezados. A canora trombeta embandeirada, Os corações à paz acostumados Vai às fulgentes armas incitando, Pelas concavidades retumbando.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Entre todos no meio se sublima, Das insígnias Reais acompanhado, O valeroso Afonso, que por cima De todos leva o colo alevantado; E somente co'o gesto esforça e anima A qualquer coração amedrontado. Assim entra nas terras de Castela Com a filha gentil, Rainha dela.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Juntos os dous Afonsos finalmente Nos campos de Tarifa estão defronte Da grande multidão da cega gente, Para quem são pequenos campo e monte. Não há peito tão alto e tão potente, Que de desconfiança não se afronte, Enquanto não conheça e claro veja Que co'o braço dos seus Cristo peleja.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Estão de Agar os netos quase rindo Do poder dos Cristãos fraco e pequeno, As terras como suas repartindo Antemão, entre o exército Agareno, Que com título falso possuindo Está o famoso nome Sarraceno. Assim também com falsa conta e nua, À nobre terra alheia chamam sua.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Qual o membrudo e bárbaro Gigante, Do rei Saul, com causa, tão temido, Vendo o pastor inerme estar diante, Só de pedras e esforço apercebido, Com palavras soberbas o arrogante Despreza o fraco moço mal vestido, Que, rodeando a funda, o desengana Quanto mais pode a Fé que a força humana:
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Desta arte o Mouro pérfido despreza O poder dos Cristãos, e não entende Que está ajudado da Alta Fortaleza, A quem o inferno horrífico se rende. Co ela o Castelhano, e com destreza De Marrocos o Rei comete e ofende. O Português, que tudo estima em nada, Se faz temer ao Reino de Granada.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Eis as lanças e espadas retiniam Por cima dos arneses: bravo estrago! Chamam (segundo as leis que ali seguiam) Uns Mafamede, e os outros Santiago. Os feridos com grita o Céu feriam, Fazendo de seu sangue bruto lago, Onde outros meios mortos se afogavam, Quando do ferro as vidas escapavam.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Com esforço tamanho estrui e mata O Luso ao Granadil, que, em pouco espaço, Totalmente o poder lhe desbarata, Sem lhe valer defesa ou peito de aço. De alcançar tal vitória tão barata Inda não bem contente o forte braço, Vai ajudar ao bravo Castelhano, Que pelejando está co'o Mauritano.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Já se ia o Sol ardente recolhendo Para a casa de Tethys, e inclinado Para o Ponente, o Véspero trazendo, Estava o claro dia memorado, Quando o poder do Mauro grande e horrendo Foi pelos fortes Reis desbaratado, Com tanta mortandade, que a memória Nunca no mundo viu tão grã vitória.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Não matou a quarta parte o forte Mário Dos que morreram neste vencimento, Quando as águas co'o sangue do adversário Fez beber ao exército sedento; Nem o Peno asperíssimo contrário Do Romano poder, de nascimento, Quando tantos matou da ilustro Roma, Que alqueires três de anéis dos mortos toma.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"E se tu tantas almas só pudeste Mandar ao Reino escuro de Cocito, Quando a santa Cidade desfizeste Do povo pertinaz no antigo rito: Permissão e vingança foi celeste, E não força de braço, ó nobre Tito, Que assim dos Vates foi profetizado, E depois por Jesu certificado.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Passada esta tão próspera vitória, Tornando Afonso à Lusitana terra, A se lograr da paz com tanta glória Quanta soube ganhar na dura guerra, O caso triste, e dino da memória, Que do sepulcro os homens desenterra, Aconteceu da mísera e mesquinha Que depois de ser morta foi Rainha.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Tu só, tu, puro Amor, com força crua, Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta morte sua, Como se fora pérfida inimiga. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras banhar em sangue humano.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Estavas, linda Inês, posta em sossego, De teus anos colhendo doce fruto, Naquele engano da alma, ledo e cego, Que a fortuna não deixa durar muito, Nos saudosos campos do Mondego, De teus fermosos olhos nunca enxuto, Aos montes ensinando e às ervinhas O nome que no peito escrito tinhas.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Do teu Príncipe ali te respondiam As lembranças que na alma lhe moravam, Que sempre ante seus olhos te traziam, Quando dos teus fermosos se apartavam: De noite em doces sonhos, que mentiam, De dia em pensamentos, que voavam. E quanto enfim cuidava, e quanto via, Eram tudo memórias de alegria.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"De outras belas senhoras e Princesas Os desejados tálamos enjeita, Que tudo enfim, tu, puro amor, despreza, Quando um gesto suave te sujeita. Vendo estas namoradas estranhezas O velho pai sesudo, que respeita O murmurar do povo, e a fantasia Do filho, que casar-se não queria,
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Tirar Inês ao mundo determina, Por lhe tirar o filho que tem preso, Crendo co'o sangue só da morte indina Matar do firme amor o fogo aceso. Que furor consentiu que a espada fina, Que pôde sustentar o grande peso Do furor Mauro, fosse alevantada Contra uma fraca dama delicada?
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Traziam-na os horríficos algozes Ante o Rei, já movido a piedade: Mas o povo, com falsas e ferozes Razões, à morte crua o persuade. Ela com tristes o piedosas vozes, Saídas só da mágoa, e saudade Do seu Príncipe, e filhos que deixava, Que mais que a própria morte a magoava,
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Para o Céu cristalino alevantando Com lágrimas os olhos piedosos, Os olhos, porque as mãos lhe estava atando Um dos duros ministros rigorosos; E depois nos meninos atentando, Que tão queridos tinha, e tão mimosos, Cuja orfandade como mãe temia, Para o avô cruel assim dizia:
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Se já nas brutas feras, cuja mente Natura fez cruel de nascimento, E nas aves agrestes, que somente Nas rapinas aéreas têm o intento, Com pequenas crianças viu a gente Terem tão piedoso sentimento, Como coa mãe de Nino já mostraram, E colos irmãos que Roma edificaram;
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito (Se de humano é matar uma donzela Fraca e sem força, só por ter sujeito O coração a quem soube vencê-la) A estas criancinhas tem respeito, Pois o não tens à morte escura dela; Mova-te a piedade sua e minha, Pois te não move a culpa que não tinha.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"E se, vencendo a Maura resistência, A morte sabes dar com fogo e ferro, Sabe também dar vicia com clemência A quem para perdê-la não fez erro. Mas se to assim merece esta inocência, Põe-me em perpétuo e mísero desterro, Na Cítia f ria, ou lá na Líbia ardente, Onde em lágrimas viva eternamente.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Põe-me onde se use toda a feridade, Entre leões e tigres, e verei Se neles achar posso a piedade Que entre peitos humanos não achei: Ali com o amor intrínseco e vontade Naquele por quem morro, criarei Estas relíquias suas que aqui viste, Que refrigério sejam da mãe triste."--
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--Morte de Inês de Castro "Queria perdoar-lhe o Rei benino, Movido das palavras que o magoam; Mas o pertinaz povo, e seu destino (Que desta sorte o quis) lhe não perdoam. Arrancam das espadas de aço fino Os que por bom tal feito ali apregoam. Contra uma dama, ó peitos carniceiros, Feros vos amostrais, e cavaleiros?
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Qual contra a linda moça Policena, Consolação extrema da mãe velha, Porque a sombra de Aquiles a condena, Co'o ferro o duro Pirro se aparelha; Mas ela os olhos com que o ar serena (Bem como paciente e mansa ovelha) Na mísera mãe postos, que endoudece, Ao duro sacrifício se oferece:
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Tais contra Inês os brutos matadores No colo de alabastro, que sustinha As obras com que Amor matou de amores Aquele que depois a fez Rainha; As espadas banhando, e as brancas flores, Que ela dos olhos seus regadas tinha, Se encarniçavam, férvidos e irosos, No futuro castigo não cuidosos.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Bem puderas, ó Sol, da vista destes Teus raios apartar aquele dia, Como da seva mesa de Tiestes, Quando os filhos por mão de Atreu comia. Vós, ó côncavos vales, que pudestes A voz extrema ouvir da boca fria, O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes, Por muito grande espaço repetisses!
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Assim como a bonina, que cortada Antes do tempo foi, cândida e bela, Sendo das mãos lascivas maltratada Da menina que a trouxe na capela, O cheiro traz perdido e a cor murchada: Tal está morta a pálida donzela, Secas do rosto as rosas, e perdida A branca e viva cor, coa doce vida.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"As filhas do Mondego a morte escura Longo tempo chorando memoraram, E, por memória eterna, em fonte pura As lágrimas choradas transformaram; O nome lhe puseram, que inda dura, Dos amores de Inês que ali passaram. Vede que fresca fonte rega as flores, Que lágrimas são a água, e o nome amores.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Não correu muito tempo que a vingança Não visse Pedro das mortais feridas, Que, em tomando do Reino a governança, A tomou dos fugidos homicidas. Do outro Pedro cruíssimo os alcança, Que ambos, imigos das humanas vidas, O concerto fizeram, duro e injusto, Que com Lépido e António fez Augusto.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Este, castigador foi rigoroso De latrocínios, mortes e adultérios: Fazer nos maus cruezas, fero e iroso, Eram os seus mais certos refrigérios. As cidades guardando justiçoso De todos os soberbos vitupérios, Mais ladrões castigando à morte deu, Que o vagabundo Aleides ou Teseu.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Do justo e duro Pedro nasce o brando, (Vede da natureza o desconcerto!) Remisso, e sem cuidado algum, Fernando, Que todo o Reino pôs em muito aperto: Que, vindo o Castelhano devastando As terras sem defesa, esteve perto De destruir-se o Reino totalmente; Que um fraco Rei f az fraca a forte gente.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Ou foi castigo claro do pecado De tirar Lianor a seu marido, E casar-se com ela, de enlevado Num falso parecer mal entendido; Ou foi que o coração sujeito e dado Ao vício vil, de quem se viu rendido, Mole se fez e fraco; e bem parece, Que um baixo amor os fortes enfraquece.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Do pecado tiveram sempre a pena Muitos, que Deus o quis, e permitiu: Os que foram roubar a bela Helena, E com Apio também Tarquilio o viu. Pois por quem David Santo se condena? Ou quem o Tribo ilustre destruiu De Benjamim? Bem claro no-lo ensina Por Sara Faraó, Siquém por Dina.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"E pois se os peitos fortes enfraquece Um inconcesso amor desatinado, Bem no filho de Alcmena se parece, Quando em Ônfale andava transformado. De Marco António a faina se escurece Com ser tanto a Cleopatra afeiçoado. Tu também, Peno próspero, o sentiste Depois que uma moça vil na Apúlia viste.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mas quem pode livrar-se por ventura Dos laços que Amor arma brandamente Entre as rosas e a neve humana pura, O ouro e o alabastro transparente? Quem de uma peregrina formosura, De um vulto de Medusa propriamente, Que o coração converte, que tem preso, Em pedra não, mas em desejo aceso?
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Quem viu um olhar seguro, um gesto brando, Uma suave e angélica excelência, Que em si está sempre as almas transformando, Que tivesse contra ela resistência? Desculpado por certo está Fernando, Para quem tem de amor experiência; Mas antes, tendo livre a fantasia, Por muito mais culpado o julgaria.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Depois de procelosa tempestade, Noturna sombra e sibilante vento, Traz a manhã serena claridade, Esperança de porto e salvamento; Aparta o sol a negra escuridade, Removendo o temor do pensamento: Assim no Reino forte aconteceu, Depois que o Rei Fernando faleceu.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Porque, se muito os nossos desejaram Quem os danos e ofensas vá vingando Naqueles que tão bem se aproveitaram Do descuido remisso de Fernando, Depois de pouco tempo o alcançaram, Joane, sempre ilustre, alevantando Por Rei, como de Pedro único herdeiro, (Ainda que bastardo) verdadeiro.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Ser isto ordenação dos céus divina, Por sinais muito claros se mostrou, Quando em Évora a voz de uma menina, Ante tempo falando o nomeou; E como cousa enfim que o Céu destina, No berço o corpo e a voz alevantou: --"Portugal! Portugal!" alçando a mão Disse "pelo Rei novo, Dom João."--
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Alteradas então do Reino as gentes Co'o ódio, que ocupado os peitos tinha, Absolutas cruezas e evidentes Faz do povo o furor por onde vinha; Matando vão amigos e parentes Do adúltero Conde e da Rainha, Com quem sua incontinência desonesta Mais (depois de viúva) manifesta.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mas ele enfim, com causa desonrado, Diante dela a ferro frio morre, De outros muitos na morte acompanhado, Que tudo o fogo erguido queima e corre: Quem, como Astianás, precipitado, (Sem lhe valerem ordens) de alta torre, A quem ordens, nem aras, nem respeito; Quem nu por ruas, e em pedaços feito.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Podem-se pôr em longo esquecimento As cruezas mortais que Roma viu Feitas do feroz Mário e do cruento Sila, quando o contrário lhe fugiu. Por isso Lianor, que o sentimento Do morto Conde ao mundo descobriu, Faz contra Lusitânia vir Castela, Dizendo ser sua filha herdeira dela.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Beatriz era a filha, que casada Co'o Castelhano está, que o Reino pede, Por filha de Fernando reputada, Se a corrompida fama lhe concede. Com esta voz Castela alevantada, Dizendo que esta filha ao pai sucede, Suas forças ajunta para as guerras De várias regiões e várias terras.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Vem de toda a província que de um Brigo (Se foi) já teve o nome derivado; Das terras que Fernando e que Rodrigo Ganharam do tirano e Mauro estado. Não estimam das armas o perigo Os que cortando vão co'o duro arado Os campos Lioneses, cuja gente C'os Mouros foi nas armas excelente.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Os Vândalos, na antiga valentia Ainda confiados, se ajuntavam Da cabeça de toda Andaluzia, Que do Guadalquibir as águas lavam. A nobre Ilha também se apercebia, Que antigamente os Tírios habitavam, Trazendo por insígnias verdadeiras As Hercúleas colunas nas bandeiras.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Também vem lá do Reino de Toledo, Cidade nobre e antiga, a quem cercando O Tejo em torno vai suave e ledo Que das serras de Conca vem manando. A vós outros também não tolhe o medo, Ó sórdidos Galegos, duro bando, Que para resistirdes vos armastes, Aqueles, cujos golpes já provasses.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Também movem da guerra as negras fúrias A gente Biscainha, que carece De polidas razões, e que as injúrias Muito mal dos estranhos compadece. A terra de Guipúscua e das Astúrias, Que com minas de ferro se enobrece, Armou dele os soberbos moradores, Para ajudar na guerra a seus senhores.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Joane, a quem do peito o esforço cresce, Como a Sansão Hebréio da guedelha, Posto que tudo pouco lhe parece, Co'os poucos de seu Reino se aparelha; E não porque conselho lhe falece, Co'os principais senhores se aconselha, Mas só por ver das gentes as sentenças: Que sempre houve entre muitos diferenças.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Não falta com razões quem desconcerte Da opinião de todos, na vontade, Em quem o esforço antigo se converte Em desusada e má deslealdade; Podendo o temor mais, gelado, inerte, Que a própria e natural fidelidade: Negam o Rei e a pátria, e, se convém, Negarão (como Pedro) o Deus que têm.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mas nunca foi que este erro se sentisse No forte Dom Nuno Alvares; mas antes, Posto que em seus irmãos tão claro o visse, Reprovando as vontades inconstantes, Aquelas duvidosas gentes disse, Com palavras mais duras que elegantes, A mão na espada, irado, e não facundo, Ameaçando a terra, o mar e o mundo:
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Como! Da gente ilustre Portuguesa Há-de haver quem refuse o pátrio Marte?, Como! Desta província, que princesa Foi das gentes na guerra em toda a parte, Há-de sair quem negue ter defesa? Quem negue a Fé, o amor, o esforço e arte De Português, e por nenhum respeito O próprio Reino queira ver sujeito?
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Como! Não seis vós inda os descendentes Daqueles, que debaixo da bandeira Do grande Henriques, feros e valentes, Vencestes esta gente tão guerreira? Quando tantas bandeiras, tantas gentes Puseram em fugida, de maneira Que sete ilustres Condes lhe trouxeram Presos, afora a presa que tiveram?
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Com quem foram contino sopeados Estes, de quem o estais agora vós, Por Dinis e seu filho, sublimados, Senão co'os vossos fortes pais, e avôs? Pois se com seus descuidos, ou pecados, Fernando em tal fraqueza assim vos pôs, Torne-vos vossas forças o Rei novo: Se é certo que co'o Rei se muda o povo.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Rei tendes tal, que se o valor tiverdes Igual ao Rei que agora alevantastes, Desbaratareis tudo o que quiserdes, Quanto mais a quem já desbaratasses. E se com isto enfim vos não moverdes Do penetrante medo que tomastes, Atai as mãos a vosso vão receio, Que eu só resistirei ao jugo alheio.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Eu só com meus vassalos, e com esta (E dizendo isto arranca meia espada) Defenderei da força dura e infesta A terra nunca de outrem sojugada. Em virtude do Rei, da pátria mesta, Da lealdade já por vós negada, Vencerei (não só estes adversários) Mas quantos a meu Rei forem contrários."--
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Bem como entre os mancebos recolhidos Em Canúsio, relíquias sós de Canas, Já para se entregar quase movidos A fortuna das forças Africanas, Cornélio moço os faz que, compelidos Da sua espada, jurem que as Romanas Armas não deixarão, enquanto a vida Os não deixar, ou nelas for perdida:
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Destarte a gente força e esforça Nuno, Que, com lhe ouvir as últimas razões, Removem o temor frio, importuno, Que gelados lhe tinha os corações. Nos animais cavalgam de Neptuno, Brandindo e volteando arremessões; Vão correndo e gritando a boca aberta: --"Viva o famoso Rei que nos liberta!"--
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Das gentes populares, uns aprovam A guerra com que a pátria se sustinha; Uns as armas alimpam e renovam, Que a ferrugem da paz gastadas tinha; Capacetes estofam, peitos provam, Arma-se cada um como convinha; Outros fazem vestidos de mil cores, Com letras e tenções de seus amores.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Com toda esta lustrosa companhia Joane forte sai da fresca Abrantes, Abrantes, que também da fonte fria Do Tejo logra as águas abundantes. Os primeiros armígeros regia Quem para reger era os mui possantes Orientais exércitos, sem conto, Com que passava Xerxes o Helesponto.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Dom Nuno Alvares digo, verdadeiro Açoute de soberbos Castelhanos Como já o fero Huno o foi primeiro Para Franceses, para Italianos. Outro também famoso cavaleiro, Que a ala direita tem dos Lusitanos, Apto para mandá-los, e regê-los, Mem Rodrigues se diz de Vasconcelos.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"E da outra ala, que a esta corresponde, Antão Vasques de Almada é capitão, Que depois foi de Abranches nobre Conde, Das gentes vai regendo a sestra mão. Logo na retaguarda não se esconde Das quinas e castelos o pendão, Com Joane, Rei forte em toda parte, Que escurecendo o preço vai de Alarte.
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"Estavam pelos muros, temerosas, E de um alegre medo quase frias, Rezando as mães, irmãs, damas e esposas, Prometendo jejuns e romarias. Já chegam as esquadras belicosas Defronte das amigas companhias, Que com grita grandíssima os recebem, E todas grande dúvida concebem.
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"Respondem as trombetas mensageiras, Pífaros sibilantes e atambores; Alférezes volteam as bandeiras, Que variadas são de muitas cores. Era no seco tempo, que nas eiras Ceres o fruto deixa aos lavradores, Entra em Astreia o Sol, no mês de Agosto, Baco das uvas tira o doce mosto.
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"Deu sinal a trombeta Castelhana, Horrendo, fero, ingente e temeroso; Ouviu-o o monte Artabro, e Guadiana Atrás tornou as ondas de medroso; Ouviu-o o Douro e a terra Transtagana; Correu ao mar o Tejo duvidoso; E as mães, que o som terríbil escutaram, Aos peitos os filhinhos apertaram.
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"Quantos rostos ali se vêem sem cor, Que ao coração acode o sangue amigo! Que, nos perigos grandes, o temor É maior muitas vezes que o perigo; E se o não é, parece-o; que o furor De ofender ou vencer o duro amigo Faz não sentir que é perda grande e rara, Dos membros corporais, da vida cara.
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"Começa-se a travar a incerta guerra; De ambas partes se move a primeira ala; Uns leva a defensão da própria terra, Outros as esperanças de ganhá-la; Logo o grande Pereira, em quem se encerra Todo o valor, primeiro se assinala: Derriba, e encontra, e a terra enfim semeia Dos que a tanto desejam, sendo alheia.
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"Já pelo espesso ar os estridentes Farpões, setas e vários tiros voam; Debaixo dos pés duros dos ardentes Cavalos treme a terra, os vales soam; Espedaçam-se as lanças; e as frequentes Quedas coas duras armas, tudo atroam; Recrescem os amigos sobre a pouca Gente do fero Nuno, que os apouca.
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"Eis ali seus irmãos contra ele vão, (Caso feio e cruel!) mas não se espanta, Que menos é querer matar o irmão, Quem contra o Rei e a Pátria se alevanta: Destes arrenegados muitos são No primeiro esquadrão, que se adianta Contra irmãos e parentes (caso estranho!) Quais nas guerras civis de Júlio e Magno.
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"Ó tu, Sertório, ó nobre Coriolano, Catilina, e vós outros dos antigos, Que contra vossas pátrias, com profano Coração, vos fizestes inimigos, Se lá no reino escuro de Sumano Receberdes gravíssimos castigos, Dizei-lhe que também dos Portugueses Alguns tredores houve algumas vezes.
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"Rompem-se aqui dos nossos os primeiros, Tantos dos inimigos a eles vão! Está ali Nuno, qual pelos outeiros De Ceita está o fortíssimo leão, Que cercado se vê dos cavaleiros Que os campos vão correr de Tetuão: Perseguem-no com as lanças, e ele iroso, Torvado um pouco está, mas não medroso.
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"Com torva vista os vê, mas a natura Ferina e a ira não lhe compadecem Que as costas dê, mas antes na espessura Das lanças se arremessa, que recrescem. Tal está o cavaleiro, que a verdura Tinge co'o sangue alheio; ali perecem Alguns dos seus, que o ânimo valente Perde a virtude contra tanta gente.
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"Sentiu Joane a afronta que passava Nuno, que, como sábio capitão, Tudo corria e via, e a todos dava, Com presença e palavras, coração. Qual parida leoa, fera e brava, Que os filhos que no ninho sós estão, Sentiu que, enquanto pasto lhe buscara, O pastor de Massília lhos furtara;
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"Corre raivosa, e freme, e com bramidos Os montes Sete Irmãos atroa e abala: Tal Joane, com outros escolhidos Dos seus, correndo acode à primeira ala: -"Ó fortes companheiros, ó subidos Cavaleiros, a quem nenhum se iguala, Defendei vossas terras, que a esperança Da liberdade está na vossa lança.
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-"Vedes-me aqui, Rei vosso, e companheiro, Que entre as lanças, e setas, e os arneses Dos inimigos corro e vou primeiro: Pelejai, verdadeiros Portugueses!"-- Isto disse o magnânimo guerreiro, E, sopesando a lança quatro vezes, Com força tira; e, deste único tiro, Muitos lançaram o último suspiro.